Estudos apontam que semana mais curta pode ser mais produtiva para a empresa e benigna para o trabalhador.

Parece até um sonho: “Um dia de trabalho a menos durante a semana. Sem diminuição de salário, sem perda de benefícios”.  Isso já é uma realidade em várias empresas do Reino Unido, onde um teste da Organização sem fins lucrativos 4 Day Week Global, envolvendo 61 empresas de diversos setores e quase 3 mil trabalhadores entre julho e dezembro de 2022 foi um tremendo sucesso, tanto que 91% das empresas que participaram da experiência de seis meses decidiu manter o modelo.

O tema da semana de 4 dias surgiu com o objetivo de reduzir a carga horária semanal dos colaboradores. Pretende-se alcançar os mesmos resultados em menos horas. O profissional recebe 100% do salário, trabalhando 80% do tempo em troca de um compromisso de manter 100% de produtividade, um modelo que ficou conhecido como 100-80-100. Consequentemente, os colaboradores ficam com disponibilidade para estar mais tempo com a sua família, descansar e desenvolver outras atividades que gostem.

Sobre o nível de produtividade dos profissionais, as empresas participantes da pesquisa responderam que em 95% das companhias o nível de produtividade foi mantido ou melhorado e 15% afirmaram que o mesmo melhorou significativamente. O bem-estar e a saúde dos colaboradores também alcançaram níveis de melhora significativos, mostrando que a semana de quatro dias de trabalho também é uma ótima estratégia para retenção de talentos. 

O 4 Day Week Global, conta com apoio da consultoria global Autonomy, além de auxílio de pesquisadores da Universidade de Cambridge, Universidade de Oxford e da Boston College. Diversas iniciativas semelhantes já foram replicadas nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália, na Nova Zelândia e na África do Sul. A Espanha também anunciou a medida de redução de carga de trabalho no ano passado. Portugal, país que está em terceiro lugar no ranking das maiores jornadas de trabalho dentre as nações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) , fará o maior teste do mundo no 2º semestre deste ano.

As poucas empresas brasileiras que passaram a adotar esse formato estão registrando melhorias de eficiência e até aumento de receitas. Por ora, a mudança tem sido adotada com mais força pelas companhias de tecnologia ou startups, como a empresa de produtos pet Zee.Dog, que  foi a primeira do Brasil e na América Latina a adotar o modelo e a agência de comunicação Shoot que adotou a prática em janeiro de 2022 e apontou o crescimento de mais de 300% no interesse das vagas na empresa. Em ambos os casos, a qualidade de vida e a produtividade dos colaboradores aumentou, bem como os níveis de satisfação.

Do ponto vista legal, a regra é que a jornada seja de 8 horas diárias e 44 horas semanais. É previsto também o chamado descanso semanal remunerado, que ocorre uma vez na semana. Entretanto, nada impede que a carga horária seja menor. A lei só impede jornadas maiores. Na prática, o modelo exige um planejamento prévio com atenção à legislação trabalhista e à cultura organizacional. É necessário avaliar com cautela, revisar metas e tarefas diárias e mensurar com frequência os resultados, para descobrir se a semana de quatro dias funciona para o seu tipo de negócio.

A pergunta é: A semana de 4 dias de trabalho é o futuro?

Por seguir na contramão de um dos maiores problemas na geração atual, que é o estresse e as doenças causadas por influência do ambiente corporativo e também por seguir a ordem histórica natural, lembrando que no passado as jornadas de trabalho já foram muito maiores, a probabilidade de uma resposta afirmativa é altamente aceitável.

 

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Matéria por Sandro Placido Albuquerque.@sandroscriativo

 

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