O CERTO, O ERRADO E O "DEPENDE"
* Publicado originalmente no site da E1Conceito- Fortalecimento Empresarial.
Se a maioria do mundo clama pela ética, por que é tão difícil
estabelecê-la?
Talvez porque os modelos de sucesso de que mais ouvimos
falar não estejam pautados na ética e na moral. Quando uma pessoa de
comportamento inadequado aparece em revistas importantes como alguém que está
se saindo bem, fica difícil convencer a sociedade de que é preciso ser ético e
que isto é bom. Há que se considerar, também, a questão das pequenas ações em
desacordo com os códigos de ética locais – muitas pessoas que clamam por ética
praticam esses pequenos delitos. Para elas, por “pequenos” que são, não chegam
a representar nada em relação àqueles maiores que aparecem na mídia. Um
exemplo: estacionar na vaga de pessoas com deficiência ou de idosos é uma ação
tão contrária à ética quanto qualquer outra. Quem clama por ética há que ser,
parecer e se comportar de forma ética em qualquer situação, em locais públicos
ou não.
Ética implica em Respeito aos “Códigos de Ética” do local em
que nos encontramos. Há algumas palavras vinculadas à ética que são comuns a
todos os povos; e respeito é a principal delas. Integridade, responsabilidade e
compromisso são também boas palavras de ordem quando se fala sobre ética e
todas elas são comuns a todos os povos. Por outro lado, os códigos de ética, de
um país, comunidade ou sociedade, podem não ser similares aos de outros povos,
sociedades e culturas, mas é esperado, ao menos, que, mesmo não concordando com
aqueles, os respeitemos, ainda assim
Não! Assédio existe hoje, existiu ontem e, voltando muitos
anos atrás na linha do tempo, também existia, sob diversas formas e independentemente
do mix de gerações ali encontrados. É possível encontrar informações na
história. Quantos casos de assédio aparecem nos livros de história do nosso
país? Muitos. Se nos aprofundarmos, poderemos concluir que muitos nomes
importantes, em inúmeros momentos, praticavam assédios morais, para não falar
dos sexuais – o Pedro que viajava em seu cavalo para ver a sua amante, que o
aceitava por conta do poder de seu cargo e não de seu perfume, é um exemplo
interessante.
Hoje, diante da rapidez com que temos a informação, pode parecer que há mais ocorrências de assédios do que no passado, o que não é verdade. O que está acontecendo hoje, ao contrário do que acontecia no passado, é que não se toleram mais certas ações, e as pessoas buscam ajuda nos órgãos de defesa com muito mais frequência do que antigamente.
Funciona se não for “para inglês ver”, ou quem sabe,
americano, chinês, japonês. O código de ética de uma empresa indica os caminhos
que ela entende que sejam os mais adequados para que se atinjam os resultados
esperados. É a partir deles que se desenham as demais políticas, fluxos e
processos da organização. Óbvio que, se não for seguido pelos principais
executivos da companhia, o código de ética não terá valor algum na organização.
Portanto, códigos de ética devem nortear as ações do CEO, dos sócios e de toda
a direção da empresa que, pelo exemplo, comprovarão tudo o que está escrito no
manual entregue aos funcionários, levando-os a se comprometer a agir conforme
os padrões ali estabelecidos.
Vai depender da ocorrência, da sua confirmação e do mal que
possa ter causado. Particularmente, não entendo que a demissão seja a única
saída. Entendo, porém, que alguma ação sempre deva ser tomada. O assediador tem
que saber que a empresa sabe, não tolera e não permitirá que a situação
perdure. O assediado tem que sentir apoio e segurança nas ações da empresa. Às
vezes, mudanças na estrutura, a fim de que assediador e assediado não tenham
tanta proximidade, podem ser bem-vindas. O código de ética é uma ferramenta
importante para deixar claro o que se espera e o que não se espera de todos na
organização – isso, permeado entre todos e com o respaldo importante da alta
direção, em geral, já corrige certos comportamentos inadequados
Agora, um convite à reflexão: “É importante que
todos nós pensemos mais nas nossas próprias ações antes de julgarmos os outros
– coisa muito difícil de fazer. O que nós mesmos temos feito com colegas,
funcionários, líderes (superiores), com os nossos familiares e que, talvez,
possa estar em desacordo com os códigos de ética de nossa sociedade,
organização comunidade? Vejam que incluí aqui os nossos líderes – usualmente
entendemos que assédio vem de cima para baixo, a própria lei trata o assunto
dessa maneira, mas, quando você se sente confortável em fazer comentários
maldosos de seu chefe, ofendê-lo, depreciá-lo, não está praticando alguma forma
de assédio?”
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Áurea Grigoletti é Especialista em Gestão de RH, sócia de E1Conceito – Fortalecimento empresarial e
Diretora de Comunicação da AGERH.