Sobre a idade e o espelho do tempo
17, Nov. 2025
“Melhor
idade”, “terceira idade”, “idoso”, “velho”, “geração de ouro”, “geração de
prata”… adjetivos não faltam.
Só sei que, às vezes, olho no espelho e não me reconheço. São rugas, pés de
galinha, pequenas marcas que o tempo deixou... ou talvez os espelhos é que já
não sejam feitos como antigamente. Rs...rs.
Fotos? Já não gosto tanto de tirar. E olha que eu gostava.
Mas sigo me
esforçando para aceitar, porque por dentro me sinto jovem. Tenho sonhos,
desejos e uma vontade enorme de realizar tantas coisas ainda.
O corpo, porém… ah, o corpo às vezes não
acompanha.
Minha cabeça é jovem, cheia de planos, mas o corpo parece não ouvir o que a
mente sente, como se houvesse uma certa falta de comunicação entre os órgãos.
Mesmo assim, sigo rindo disso tudo, tentando me ajustar entre o que o espelho mostra e o que o coração insiste em ser: uma alma jovem, vivendo dentro de um corpo que às vezes esquece disso.
Mas, de vez em quando, bate aquela angústia...
uma pontinha de incerteza: como será daqui pra frente?
O passado já ficou para trás, o futuro só Deus sabe.
Então, o que me resta, é viver o presente, com leveza, com fé e com a
serenidade de
quem aprendeu que cada dia é um presente
O tempo passa depressa… a gente espera o aniversário e, quando vê, ele chega
antes da hora.
Piscou, e pronto: cheguei aos 70.
Mas sabe de uma coisa? Só tenho a agradecer.
Estou ativa, talvez até mais do que quando era mais nova. Entre o trabalho, as
ideias e os eventos que invento, continuo me sentindo viva, e isso, pra mim, é
o que realmente importa.
Claro, as dores aqui e ali aparecem, não tem como. A gente vai
cuidando, administrando do jeito que dá.
E, às vezes, quando converso com amigos, percebo que estamos todos
falando de remédios, exames, cirurgias (rs… rs…). Faz parte do pacote, e o bom
humor ajuda a aliviar qualquer dor.
Hoje me sinto mais corajosa, sem medo de falar o que penso ou sinto.
Às vezes me preocupo quando percebo que repito algo que já contei, e a pessoa
comenta: “Você já falou isso.”
Aí eu penso: preciso prestar mais atenção… mas faz parte, não é? Afinal, quem
vive muito tem muitas histórias pra contar.
Com o tempo, aprendi que a idade não é um
número, é um estado de espírito.
Tem gente jovem que já desistiu de viver, e tem gente mais velha que acorda
todo dia com brilho nos olhos e planos na cabeça.
Uma
vez ouvi de um conhecido, que tinha apenas 50 anos, dizer que já estava
“vivendo de horas extras” e que se sentia velho demais.
Poucos meses depois, ele se foi...
“Envelhecer
não é perder tempo, é ganhar histórias”. ( li em algum lugar)
É olhar pra trás com orgulho e pra frente com esperança.
Confesso que ainda busco a juventude nas fotos
antigas. As de hoje, nem sempre me agradam. Mas também busco a leveza de
entender que cada ruga tem uma história, cada linha é um aprendizado e cada
novo dia é um presente.
E se me perguntarem o que é ter 70, eu diria: não sinto o peso da idade, mas
sim a alegria de continuar acreditando na vida, mesmo sabendo que ela passa
depressa.
Podem rir, mas ainda me surpreendo quando alguém me chama de “dona” ou
“senhora”.
Aí eu mesma me digo: “Sueli, se toca… olha a sua idade!” (rs, rs).Ter 70 é
isso:
é ter a alma cheia de planos, o coração grato por tudo o que já foi,
e a certeza de que o tempo pode até mudar o rosto, mas nunca
a vontade de seguir em frente.
Li algo que dizia assim: “Ter
um corpo bonito aos 40 ou 50 é ótimo. Mas chegar aos 60,70..sem precisar de
bengala ou de alguém te limpar no banheiro...Isso sim é incrível”
O problema não é envelhecer, e sim o
que esperam da gente quando isso acontece.
A verdade é simples: ninguém sonha em envelhecer, mas se isso não acontece, é
porque a vida acabou antes.
Chegar aos 70 é uma sensação estranha, difícil de
explicar.
Por dentro, continuo sendo a mesma de sempre: curiosa, animada, cheia de ideias
e vontade de aprender.
Mas o corpo… ah, o corpo às vezes não acompanha. Ele pede um ritmo mais
leve e lembra, com delicadeza ou nem tanto, que o tempo está passando.
Ainda assim, sigo em frente.
Porque envelhecer não é perder a juventude, é aprender a viver com mais
verdade, mais calma e mais amor por tudo o que ainda há por viver."
Sueli Alves é formada em Psicologia e Pós-Graduada em Gestão de Pessoas. Com quase 40 anos de vivência na área de Recursos Humanos, Recrutamento, Seleção e Treinamento, atuou em empresas de diversos portes e segmentos. Foi coordenadora do grupo UNIRH - União de Recursos Humanos, por vinte e quatro anos. É Diretora Administrativa/Financeira da AGERH.